Interstelar, de Christopher Nolan

Dois anos e quatro meses depois de Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge, Christopher Nolan volta com um novo filme, com 165 milhões de dólares de orçamento, dois atores vencedores do Oscar nos papéis principais (Matthew McConaughey e Anne Hathaway) e uma terceira atriz, Jessica Chastain, indicar a dois Oscar, cuja premiação pela Academia é uma questão de tempo. No restante do elenco, temos Michael Caine (2 Oscar’s), Casey Affleck (uma indicação), Matt Damon (2 indicações) e Ellen Burstyn (1 Oscar).
O cinematógrafo, o suíço Hoyte Van Hoytema, é talentosíssimo [vide Ela (2013), O Espião que Sabia Demais (2011) e Deixe Ela Entrar (2008).  O montador Lee Smith foi indicado duas vezes pela Academia. O designer de produção Nathan Crowley, idem. O compositor do score, Hans Zimmer, é uma lenda com 8 indicações ao Oscar e 11 ao Globo de Ouro.
Os roteiristas são os mesmos de dois filmes que ultrapassaram o bilhão de dólares [Batman  – O Cavaleiros das Trevas (2008) e Batman – O Cavaleiros das Trevas Ressurge (2012)] e mais um que chegou perto e é uma referência de cultura pop e tema de discussão e rodas de conversa, A Origem (2010). Tinha algum jeito desse filme dar errado, comercialmente? Não.
Mesmo que haja apenas uma tendência favorável da crítica americana (73% de aprovação no Rotten Tomatoes), o filme deve bater recordes de bilheteria, consagrando Nolan mais uma vez como o realizador mais ambicioso da indústria de cinema americano, e o mais bem sucedido, depois de James Cameron.
Quem não gostou de McConaughey em Clube de Compras Dallas (2013), vai  se surpreender com uma atuação muito mais agradável em Interstelar. Hathaway continua se mostrando uma das poucas atrizes que transcenderam uma bem sucedida carreira quando mais jovem (vide os dois Diário de Uma Princesa, pelos quais é mais lembrada), para alcançar o reconhecimento de seus pares em ótimas atuações subsequentes. Chastain caminha pra ser a melhor atriz de sua geração, e entrega a melhor atuação do filme. O elenco veterano, Caine e Burstyn, é responsável pelas cenas de maior voltagem emocional, e como se sobressaem!

Deter-se a descrição do plot do filme como apelo para o espectador ir vê-lo é uma tremenda perda de tempo. É o ”novo filme de Christopher Nolan”, e isso, por muitos anos, bastará como atrativo. É um filme para ser visto de preferência numa sala IMAX, e ainda bem que Recife é uma das cidades brasileiras privilegiadas a ter um espaço que oferece a experiência completa do que o filme foi pensado para oferecer. Interstelar, assim como A Origem, deve render burburinho pelo seu roteiro muito imaginativo e bem construído. É um outro nível de ficção científica. 
O Cultura Revista sempre desconfiou de filmes amplamente aclamados, como 2001: Uma Odisseia no Espaço (1968), de Stanley Kubrick, e Gravidade (2013), de Alfonso Cuarón, filmes estes que são as referências imediatas de comparação com o filme que chega neste fim de semana nos cinemas brasileiros e americanos. Interstelar é melhor. E ponto.