Crítica: Metalhead, de Ragnar Bragason



O cinema já investigou o luto com diversas variedades da abordagem. Metalhead conta a história de Hera, uma garotinha que, após testemunhar a trágica morte do irmão mais velho num acidente repentino, cresce para assumir as roupas, a guitarra e o gosto musical do ente querido morto. O principal eixo do filme trata de como Hera lida com o sentimento de perda, e quais são as consequencias disso. 
É interessante o contraste entre a zona rural da Islândia e a trilha sonora de metal, na época em que este era um gênero musical moderno, no início da sua popularização. Se o filme fosse ambientado na cidade grande, provavelmente não teria um efeito tão exótico. A área montanhosa, as fortes nevascas, o contraste das estações, tudo favorece o trabalho da fotografia, que captura imagens que também evocam o isolamento da própria protagonista, anti-heroína.
A câmera simplesmente ama o rosto de Thorbjörg Helga Dýrfjörd, bela atriz novata, com responsabilidade de praticamente carregar o filme nas costas. Não que o elenco de coadjuvantes seja ruim, muito pelo contrário. Todos são convincentes, e conseguem, cada um, ter sua cena mais relevante e marcante. O islandês Ragnar Bragason se mostra aqui um excelente diretor de atores.

Os atos de rebeldia de Hera vão escalando até o limite do inaceitável e desproporcional. Seja o roubo de um trator, beber até cair, profanar o ritual da igreja local, colocar metal no auto-falante para todos os funcionários do açougue no qual trabalha ouvirem. As coisas só ficam piores, e não parece haver nada que a tire dessa espécie de transe motivado pelo luto.

Mesmo quem não gosta de metal, deverá curtir ou achar interessante a trilha sonora, que contém, entre outras músicas:

Megadeth “Symphony Of Destruction”
Judas Priest “Victim of changes
Lizzy Borden “Me Against the world”
Riot “Run for your life”
Savatage “Strange Wings”.
Metalhead integra a mostra competitiva de longas-metragem do VI Janela Internacional de Cinema do Recife. O filme terá duas sessões:
Segunda, 14, Cinema São Luiz, às 19h
Quarta, 16, Cinema da Fundação, às 19h30

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